11.11.10

Jason DeCaires Taylor, ou a arte no fundo do mar





Para ler mais, clicar aqui.

5 comentários:

Leão Hebreu disse...

O projecto é claramente sedutor. Mas, depois de ler o artigo, fico com vontade de questionar-me sobre a aplicabilidade da definição de arte a esta iniciativa.

Sibila das Dunas disse...
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Sibila das Dunas disse...
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Patrícia Lino disse...

Após ter vivido grandes emoções com descobertas como, a título de exemplo, o bronze de Artemision, acho muito interessante que, agora, se queira "devolver" a chamada arte contemporânea - nomeadamente os grupos escultóricos de Taylor, que muito admiro -, às águas. E, ao que parece, isso ajuda os corais.

Além do mais, intriga-me a ideia de poder existir, na costa mais próxima, uma "cidade" coberta por ondas: já não calçamos mais sapatos para ir ao museu; passamos a calçar barbatanas.




*Uma coisa é certa: esse artigo não faz justiça ao projecto em si. Mas, depois de tanto procurar e não encontrar um link que correspondesse à notícia que li, em papel, no JB, decidi colocar este. Já agora:

http://www.underwatersculpture.com/index.asp

Leão Hebreu disse...

É, sem sombra de dúvida, um projecto de grande interesse. Uma espécie de inversão do curso natural da história, ou, pelo menos, um aceleramento, para que nós possamos testemunhar, hoje, aquilo que será o futuro das nossas civilizações, tal como outros testemunharam a retirada da Vitória de Samotrácia das águas. Tudo o que conhecemos e amamos acabará, um dia, submerso num oceano enorme.

Mas o que motiva a minha reflexão é o aparato institucional/publicitário/turístico que rodeia uma iniciativa que assume esta vocação política/ambiental, e que, para se "revelar", exige um aparelho de "deslocamento". Faz-me reflectir, essencialmente, porque me leva a perguntar qual o lugar natural da criação, em tempos de "títulos de dívida soberana". A relação entre arte e dispositivos de mobilização ideológica como o ambientalismo, o turismo, a mobilização por via de instrumentos assim.

É um tema que me parece merecer alguma reflexão. Bruno Latour diz que nós nunca chegámos a ser modernos, justamente graças à nossa incapacidade de criar organismos depurados: o nosso mundo é constantemente invadido por "objectos estranhos", e a cultura, a arte, em particular, são sistemas pródigos em conceber híbridos, como este. Daí ser tão complexo pensá-la. Ou tão simples. É uma forma de ceder aos nossos interesses segundo um argumentário sedutor. Neste caso, o ambientalismo, segundo a linguagem sedutora da escultura. É isso que me faz sempre desconfiar. Quando há um pretexto para a arte, pergunto-me sempre se a arte está a servir de pretexto. Num brevíssimo caso hipotético, gosto de me perguntar se Picasso, hoje, diria, ao apresentar Guernica: "Isto é um magnífico quadro, de grandes dimensões, que fica bem em qualquer museu, e, além disso, ainda serve muito bem para desencadear considerações inteligentes acerca dos massacres franquistas!".

É por isso que acho sempre estimulante ponderar estes fenómenos, como consequências naturais de um tempo que exige das coisas (materialmente) pouco produtivas, como a arte, que sejam outras coisas, mais dóceis, mais dinâmicas, mais aliciantes, mais vendáveis. A esse título, há uma coisa curiosa, que me tem feito pensar, e com cuja partilha termino:

http://www.youtube.com/watch?v=DUPxjC7yfBA&has_verified=1

http://www.youtube.com/watch?v=p0n_ys40CrM&feature=related