19.11.10

"CLXIX. a lenha do silêncio"

______________ alguém sem ter perdido ninguém,
pode ficar confrontado com a ausência de uma pessoa
que lhe queria dizer muito? «Bem-me-quer», mas vem.

as formas estéticas dos amantes são elevações no ar - oscilando à brisa que me procura - e não mais redefinirão nem sequer um tópico de
saudade.
a nossa primeira forma estética de amor acabou.

na noite que escurece, um frémito pela alegria que me ia causar a tua
presença _________ estere; esta noite escurece ___________ não em todas as noites, mas a alegria da crepitação do fogo nas tuas achas é uma espécie
de vertigem cintilante que acende os extremos do fulgor que espero vir
a conhecer melhor esta noite nos seus efeitos de trepidação visual sobre
a linguagem. Respiro,

é um caudal de chuva apolínea que não faz esmorecer nem a alegria,
nem a obscuridade,
de que tento reescrever, no princípio da aurora,
a relação simultânea.


Maria Gabriela Llansol, Amigo e Amiga; Curso de Silêncio de 2004,Lisboa, Assírio e Alvim, 2006, p. 224.

2 comentários:

Leão Hebreu disse...

Um forte abraço, Laura do Petrarca, saudando esta partilha.

Patrícia Lino disse...

Cara Laura do Petrarca,


muito obrigada pela partilha.

"a nossa primeira forma estética de amor acabou."

Vou levá-lo na boca e nos ouvidos, pensá-lo e repensá-lo. E havemos de trocar impressões sobre ele e a autora.


Desejo-lhe um bom fim-de-semana, minha querida.
Um beijo,
Sibila das Dunas